MARX, ENGELS E A EDUCAÇÃO

CLASSÍCOS DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO: OLHARES ENTRECRUZADOS  

MARX, ENGELS E A EDUCAÇÃO - CARMEM SYLVIA VIDIGAL MORAES 


Eventos:
 

  • Criação do Partido Comunista na véspera da Revolução de (1848) 

  • I Internacional (1866-1868) 

  • Comuna de Paris (1871) 

  • 1º Partido Operário Unitário da Alemanha (1875) 


Materialismo Histórico  

  • Conceito condiciona a realidade (Hegelianos) Idealista

  • Realidade condiciona o conceito (Marx e Engels) Materialismo

  • Dica de leitura (A Ideologia Alemã)

 

Análise das classes sociais 

  • Trabalho, terra e capital 

  • Salário, preço e lucro 

  • Extração de mais valia  

 

Com base nos pressupostos de Marx e Engels como colocar em prática os processos educativos: 


Na obra de Marx e de Engels, a questão da educação e do ensino é tratada de maneira ocasional e fragmentária. No entanto, apesar de seus escritos não conterem estudos específicos sobre o tema, podem ser encontrados textos que tratam explicitamente de questões educacionais e problemas do ensino, cuja importância reside no fato de se apresentarem integrados à crítica radical das relações sociais capitalistas e à necessidade de sua superação para a construção da nova sociedade e do novo homem.   (Carmem. p.89 e 90) 

 

O centro das explicações trata das questões da formação da humanidade do homem, e a relação do mesmo com a natureza. O processo histórico do ser humano para suprir suas necessidades, atua contra a natureza e a modifica, ao mesmo tempo muda suas próprias condições de existência. Marx diz que o trabalho é a essência do “homem”, e através da práxis (Teoria e Prática) transforma o mundo com o trabalho, transformando o mundo transforma a si próprio pois a ligação entre a educação e o trabalho é muito forte. 

 

SOBRE O MÉTODO 


*Indicações metodológicas  

*Globalidade Social

Chegaremos lá, a não ser que pretendamos permanecer no nível parcial dos fatos e das proposições mal conectadas teoricamente. A crítica da vida social se dá no campo da singularidade, mas envolve o conjunto social. 

 

Apreender a realidade social em sua globalidade significa apreender o acontecimento social em suas múltiplas relações, como totalidade em movimento, como unidade contraditória – pois a realidade possui não apenas múltiplos aspectos, mas também aspectos mutáveis e antagônicos. Os acontecimentos sociais são sempre apreendidos no seu devir, na sua historicidade. Não há determinismo histórico em Marx. Ao contrário, ele procura dar conta da diversidade temporal da realidade. 

(Carmem. p.91 E 92) 

 

 

A história construída pelos sujeitos sociais a partir de limites sociais historicamente determinados não é vista de forma linear e evolutiva, mas sim como imprevisto, ou seja, por acaso. 

  • Socialmente determinado, mas não é uma história determinista 

  • Determinismo econômico (sem liberdade) 

Marx mostra a substância de seu método em cada momento da análise das relações capitalistas de produção sem reducionismo. A prática social capitalista elege o econômico como dominante e o fator determinante da história para Engels é a produção e reprodução da vida. 

  • Economia de base. 

  • Elementos da superestrutura (cultura) exerce igualmente sua ação e determina a forma. 

Constitui: 

  • Representação Política 

  • Jurídica  

  • Ideológica 

  • Valores 

  • Normas 

  • Justificativas para permitir reproduções dessas relações 

 

Constrói nesse processo o aparato Ético e jurídico - o direito, com base nas relações de propriedade essenciais para relações de produção da sociedade capitalista, e cria-se representação da igualdade entre os “homens” a vigência da liberdade. A representação do mercado encobre as desigualdades das relações de exploração originadas no modelo capitalista de produção. 

  • Necessidade de superar esse modelo para atingir o movimento real. 

Conceito de modo de produção: 

Resultado global das relações antagonistas

  • Salário x capital 

  • Proletário x burgueses 

O antagonismo que surge na prática social por meio das formas que sustentam e mascaram 

Exemplo:  

  • Forma contratual (ficticiamente livre) que liga os membros da classe trabalhadora com os burgueses 

A ideologia dominante oculta as verdadeiras intenções nas instituições políticas e culturais, alienando o proletário fazendo com que eles participem do processo contrarrevolucionário. 

 

 

Para Marx, o ato econômico não pode ser reduzido à produção de coisas. É também produção de valor, de mais valia, do capital e do trabalho, ou seja, de relações sociais. Nessa acepção, é imediatamente produção e reprodução de relações de exploração e dominação, de relações de poder. O que o constitui, ao mesmo tempo e no mesmo movimento, em produção e reprodução de representações políticas, jurídicas, ideológicas, de valores, de normas e de justificativas capazes de permitir a reprodução dessas relações de poder. 

(Carmem. p.93) 

 

SOBRE EDUCAÇÃO E ENSINO 

 

No que se refere à problemática educacional, as formulações de Marx e Engels têm dado origem a dois tipos predominantes de abordagem: as que estudam, no conjunto da obra, os conteúdos e significados dos enunciados relativos à sua visão educacional, e as que, fazendo uso de suas categorias de análise, realizam a crítica das concepções liberais de educação, da escola capitalista. 

(Carmem. p.95) 

 

 

Marx e Engels concebem a sociedade sendo toda ela um ambiente educativo tendo educação como um processo socializador. Toda relação social é uma relação pedagógica e as práticas nas escolas são apenas uma parte do processo. 

 

 

 

Contrariamente à visão liberal da “comunidade de interesses”, trata-se de uma sociedade constituída por grupos e classes sociais que se situam diferentemente face às relações de produção social e são portadores de interesses opostos e antagônicos. Os interesses socialmente dominantes são os das classes dominantes. 

(Carmem. p.96) 


RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO 


  • Necessidade da união do ensino com o trabalho. 

  • No Manifesto do partido comunista (1948) defendem como uma das medidas imediatas mais importantes assegurar a existência digna ao proletariado e preparar os trabalhadores para a luta contra a propriedade privada dos meios de produção. 

  • Instrução para todas as crianças assim que possam prescindir dos cuidados maternos, em institutos nacionais por conta da nação. 

 

 

No entanto, embora o socialismo utópico tenha inspirado o pensamento de Marx e Engels, é preciso salientar que eles não se limitaram a recolher tais propostas, mas aprofundaram-nas e superaram-nas. Conforme consideram Nogueira (1990) e Dangenville (1978), o exame das novas condições sociais criadas pela Revolução Industrial Inglesa, com a introdução do maquinismo e sua divisão técnica do trabalho, assim como o emprego generalizado da mão de obra infantil, foi determinante para o desenvolvimento da formulação educacional dos autores. 

(Carmem. p.98) 

 

Preocupado com a exploração do trabalho infantil Marx fala sobre brotas a semente da educação do futuro, onde a partir de certa idade combinarão trabalho produtivo com ensino de ginástica, não somente para intensificar a produção, mas também produzir “homens” plenamente desenvolvidos. 

 

Importava a Marx e Engels, inicialmente, defender a força de trabalho infantil da voracidade dos fabricantes, bem como dos abusos cometidos pelos próprios pais e, naquele momento, isso só parecia ser possível por meio da pressão social capaz de arrancar do Estado leis de proteção à infância operária (...) Assim, como se viu, contrapondo-se às 9 horas de trabalho para as crianças de 9 a 13 anos, e às 12 horas para as de 14 a 18 anos, Marx propõe, de acordo com sua divisão em três faixas etárias, 2 horas diárias para as crianças de 9 a 12 anos, 4 horas para as de 13 a 15 anos e 6 horas para as de 15 a 18 anos. 

(Carmem. p.101) 

Marx e Engels insistiam na necessidade da união do trabalho com a instrução para superar a cisão entre trabalho intelectual e trabalho manual a partir de uma crítica a divisão do trabalho na sociedade capitalista. 

 

 

 

Assumindo perspectiva crítica, capaz de complementar e tornar mais clara a concepção de ensino politécnico, a proposta de educação integral, ligada à história do movimento revolucionário do século XIX, colocava-se contrária à existência de dois tipos de instrução – uma “aprimorada”, reservada aos burgueses, e outra “simplificada”, destinada aos trabalhadores, expressão da dominação de classe – e em defesa de uma educação igualitária que possibilitasse “o pleno desenvolvimento de todas as capacidades do indivíduo”, “integrando o trabalho manual e o intelectual”9 . Tal concepção emancipatória de educação, a da construção de uma escola unitária que integrasse formação geral e formação profissional, propunha superar os métodos e a organização da escola reprodutora das desigualdades sociais, considerando essencial que o ensino partisse das relações concretas da vida e o trabalho fosse compreendido de forma criativa, artística e integral. 

  (Carmem. p.109) 

 

 

Na perspectiva educacional, o conceito de trabalho como princípio educativo entende o trabalho não só com a concepção abstrata, mas também como experiência concreta, não apenas não apenas com exploração, mas como formação e partilha. Essa proposta de educação integral visando o desenvolvimento do trabalhador, vê a escola não só como um espaço de reprodução, mas também como produtora de relações novas com uma abordagem mais ampla do que a visão que a lógica da educação como valor de troca. 

 

Considerações finais: Historicamente, o modelo de educação que predominou é o da “educação pela escola” e não o da “educação para o trabalho e pelo trabalho”. Como considera B. Charlot (2004, p. 12; 13), “trabalho e educação serão desligados na organização da escola do povo”, e embora essa escola possua “um discurso positivo sobre o trabalho”, o “trabalho é ignorado como realidade”. Hoje, retomando a questão central da constituição da humanidade do homem diante das atuais mudanças tecnológicas e organizacionais do trabalho, do “moderno” conceito de produção, momento em que cada vez mais a escola é vista “como acesso ao mercado de trabalho”, em que a lógica predominante reduz a educação a valor de troca, isto é, quando “a educação não é um trabalho e o trabalho não é pensado como educação” (Charlot, 2004, p.16), quais desafios nos colocam as proposições de Marx e Engels? Na atual conjuntura de intensa disputa na política educacional brasileira, em particular no que se refere à organização do ensino médio e técnico, quais contribuições os escritos de Marx e Engels podem oferecer para o combate ao dualismo da organização escolar capitalista e para a construção da escola unitária, da educação integral/integrada? 

(Carmem. p.110) 

BIBLIOGRÁFIA: 

MORAES, Carmem. CLASSÍCOS DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO: OLHÁRES ENTRECRUZADOS edifu, 2019 

 

 

 

 

 

 

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