EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POR UMA NOVA ORDEM INTERNACIONAL

 

 

Na atual conjuntura a questão ambiental vem se tornando cada vez mais foco de interesse das pessoas, de forma que as autoridades não conseguem mais camuflar o problema com suas propagandas e mentiras. Todos são afetados pelas catástrofes ambientais e seus efeitos, e é nesse contexto que a interdicisplinaridade se coloca como fundamental para a construção crítica levando em consideração inúmeros fatores que interseccionados compõe esse processo de “globalização” 

 

Como se vê, estamos muito longe das respostas à la carte que nos são oferecidas por um ecologismo ingênuo, embora muitas vezes bem-intencionado, que a mídia manipula sabiamente nos convidando a cuidar do lixo nosso de cada dia ou daquela espécie que está ameaçada. Faça sua parte, convidam-nos, como se a parte de cada na injustiça ambiental que impera no mundo fosse de responsabilidade igual de cada um, como se o todo fosse a soma das partes, cada qual igual ao outro. 

                                                         (Porto-Gonçalves, 2006, p.15) 

 

                     

                     QUESTÃO AMBIENTAL NA REGIÃO TRINACIONAL 

 

A preocupação da SESUNILA em organizar o curso de ecologia para professores sindicalizados da educação municipal se coloca como de extrema importância pois o professor no papel de formador pode a partir da crítica ao sistema mundo atual incentivar jovens e adultos a darem maior importância a questão ambiental colocando assim cada dia mais em evidência esse, que dentre tantos problemas se coloca como de extrema emergência. A busca por resolver os problemas ambientais vividos na região parte da perspectiva de educar os indivíduos (coletivamente) e de modo participativo, entendendo as realidades locais e condições especificas de cada uma das três cidades na região trinacional. 

Colocando em prática uma Ética da sustentabilidade como parte de um processo de Nova Ordem Internacional responsável, cooperativa e solidária, mostrando a interdependência político-econômica e ecológica que se acentuam com os conflitos na disputa por uso ou posse dos recursos naturais. A Ciência e seu Método de colocam como essenciais para entender as causas e efeitos dos problemas que são apresentados na escala regional, que influência diretamente na cultura através de propaganda que visa manter as relações de poder coloniais entre centro e periferia do capitalismo. 

Dos problemas apresentados pela Professora Luciana Mello Ribeiro podemos destacar problemas comuns de Foz do Iguaçu, Cuidad del Este e Puerto Iguazú, a pressão sobre os rios, a problemática relacionada a reciclagem e descarte de resíduos e a insegurança vivida por parte da população da região da tríplice fronteira. Deve-se fugir das abordagens meramente tecnicistas e imediatistas entendendo as especificidades de cada uma das culturas, condições de cada país e suas leis, investir em inovação tecnológica, renovar as técnicas de cultivo e produção agrícola por uma economia do bem comum superando a alienação da produção e do trabalho colocando de lado o individualismo em prol do todo integrando as pessoas entre si e integrando as pessoas com a natureza da qual somos absolutamente dependentes. Com Políticas Públicas efetivas, educação de qualidade e investimento massivo em pesquisa o fortalecimento das redes serão inevitáveis. 

 

A questão ambiental envolve a dinâmica de funcionamento planetária. Ecologicamente, os processos são os mesmos em toda parte. A relação cultural, política e econômica com os territórios e seus geoecossistemas é que varia. No entanto, com a globalização, temos assistido cada vez mais a uma padronização dessas relações. Por isso, podemos dizer que os problemas e conflitos, bem como suas causas, se repetem na escala macro (problemas globais) e na escala micro (em uma cidade específica), diferindo apenas em sua intensidade, abrangência, gravidade. E, muito importante, na forma como as pessoas se organizam diante desses problemas. 

                                         (Ribeiro, 2020, p.2) 

 

 

                                                     O PROBLEMA DO LIXO 

 

Em Foz do Iguaçu na região próxima aos bairros California e Porto Belo fica localizado o aterro sanitário municipal, local para onde é levado todo tipo de lixo como o lixo doméstico, comerciais, entulhos da construção civil entre outros. Nesse local são organizadas gradualmente montanhas de lixo sobre uma manta que serve para escoar o produto da decomposição dos resíduos que se chama chorume. Esse chorume é drenado até o tanque de armazenamento e aos poucos é tratado em duas máquinas que fazem o processo chamado osmose reversa. Nota-se que muita coisa ainda precisa ser melhorada no processo de manuseio e descarte do lixo pois mesmo com a fiscalização dos funcionários muito lixo químico e radioativo acaba chegando nos aterros. 

        

                                                                 RECICLAGEM 

 

Existe diversas classes de pessoas que são invisíveis na nossa sociedade, dentre elas destaco aqui a categoria dos catadores, que são extremamente importantes por serem responsáveis pela separação dos materiais que podem ser reutilizados como por exemplo o plástico, alumínio. Essas famílias que não têm outra opção a não ser viver do lixo são expostas a doenças, sofrem descriminação e não é dado o devido valor ao seu trabalho, que é essencial para a natureza visto que a cada um quilo de lixo gerado metade é reciclável. A obsolência programada de todos os produtos faz com que cada vez mais seja aumentado o volume de lixo de forma irresponsável colocando o progresso acima da ética. 

 

                                             É POSSÍVEL SALVAR O PLANETA? 

 

A educação é um fator essencial para formar teorias e entender a sociedade como ela se coloca na realidade e juntas poder criar uma práxis ecológica, que educando os indivíduos coletivamente, de modo participativo e interdisciplinar criticar o sistema mundo atual e sua forma predatória de acumulação e produção capitalista. Entender as causas e efeitos que afetam em escala global e regional entendendo as complexibilidades de cada local e apontar a relação político-econômica e cultural que juntas propagam fábulas para a população ou vendem soluções imediatistas. 

 

Enquanto todos estão de acordo – acredito eu – sobre as mudanças qualitativas que se verificam, o que realmente devemos discutir é se essas mudanças quantitativas são bastante grandes e sinergéticas para nos situar numa era qualitativamente nova do desenvolvimento capitalista, que exige uma revisão dos nossos conceitos teóricos e dos nossos aparatos políticos (para não falar das nossas aspirações). A ideia de que seja esse o caso é indicado principalmente por todos os “pós” que vemos ao nosso redor: pós-industrialismo, pós-modernismo, pós-estruturalismo. Podemos dizer então que houve uma transformação qualitativa forjada nas bases das mudanças quantitativas? 

                                                                           (Harvey, 1954, p.14) 

 

BIBLIOGRAFIA: 

PORTO-GONÇALVES, CARLOS WALTER. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Ed. civilização brasileira. Rio de Janeiro, 2006 

RIBEIRO, Luciana Mello. Breve panorama da questão ambiental na região trinacional e a potência da renovação civilizatória. SESUNILA. Foz do Iguaçu,2020 

HARVEY, David. O problema da globalização. Marxismo oggi, ed. Teti. Milão,1996 

Muniz, Vik - Documentário Lixo extraordinário  

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA POPULAR DO BRASIL

A EDUCAÇÃO DO NEGRO NO BRASIL - FEAT MILTON SANTOS

MARX, ENGELS E A EDUCAÇÃO