PIAGET: PSICOLOGIA GENÉTICA E EDUCAÇÃO
PIAGET: PSICOLOGIA GENÉTICA E EDUCAÇÃO
A Epistemologia Genética de Piaget passa pelos estados de conhecimento menor para o estado maior de conhecimento, essa epistemologia retrata um conhecimento de menor e maior valor. Para o autor o problema epistemológico se dá em saber como passar de um tipo de conhecimento para o outro e a psicologia da criança se tornou seu campo de estudos. Na genética para sua Psicologia e sua Epistemologia não se refere a marcas hereditárias como no campo biológico, mas sim sobre características como origem e gênese, sem analisar a capacidade intelectual dos jovens por meio de testes padrões como é feito geralmente na psicologia. Piaget e seu método que ficou conhecido como abordagem clínica tem uma entrevista livre que averigua a capacidade dos sujeitos para além das questões pré-elaboradas, colocando problemas abertos que o mesmo chamou de provas operatórias . No caso das crianças pequenas que ainda não possuem o instrumento de fala, coloca-se problemas não-verbais observando por exemplo as reações do bebê diante das situações criadas.
Mas é realmente no âmbito das teorias do conhecimento que se encontra a maior afinidade das idéias de Piaget com a educação escolar, mais precisamente com uma certa pedagogia. Seus conceitos epistemológicos fundamentam-se em concepções da esfera filosófica, originadas antes mesmo de sua época, que consistem em considerar o conhecimento como possível somente quando o Sujeito, aquele que irá conhecer, e o Objeto, aquilo que será conhecido, relacionam-se de uma determinada maneira: o Sujeito age sobre o Objeto. Nessa perspectiva, temos, primeiramente, a existência de algo que impulsiona o Sujeito Epistêmico em direção ao Objeto. Estando em níveis diferentes, como se houvesse um desequilíbrio entre eles, o Sujeito é naturalmente atraído pelo Objeto, como que para superar o desnível em que se encontram. O Objeto exerce pressão perturbadora sobre o Sujeito, contribuindo para fornecer-lhe motivação interna e criar seu envolvimento pessoal com o Objeto, do que resulta o impulso para a ação. Em segundo lugar, temos a atividade do Sujeito, que se traduz propriamente em atitudes de busca, desvendamento, pesquisa, enfim, ação sobre o Objeto a ser conhecido.
(Cunha, p.4, 2008)
Nessa concepção epistemológica o aluno deve ser colocado no papel de relevância para além dos métodos de decorar e ficar em silêncio enquanto o professor despeja um caminhão de informações, esse tipo de processo é comum nas escolas e não resulta em conhecimento pois para ser conhecimento o sujeito deve superar o desequilíbrio que existe entre ele e o objeto. Segundo Piaget para conhecer é preciso que o sujeito e o objeto criem uma relação que envolve um exercício complementar que muitas vezes é simultâneo, processo esse que chamou de assimilação.
O segundo processo é chamado acomodação, são modificações que o sujeito sofre através do exercício assimilador, tendo seus esquemas cognitivos alterados pela relação que tem com o sujeito e a partir daí chega ao estado de equilíbrio. Esse equilíbrio nunca é definitivo pois o mundo está sempre em constante mudança, esse equilíbrio que é provisório depois é suprimido por novas situações que ocasionam em sucessivas assimilações e acomodações.
Assim, Piaget posicionou suas idéias sobre o desenvolvimento cognitivo de maneira a considerar tanto os aspectos biológicos quanto os ambientais. Sem cair no extremismo das teses pré-deterministas, mostrou que o indivíduo é, de certo modo, programado para interagir com o mundo que o cerca e percorrer o caminho que leva à competência para pensar realidades situadas além dos dados empíricos imediatos. Sem aliar-se aos ambientalistas radicais, Piaget afirmou que o meio pode ser um fator decisivo na determinação de como o indivíduo realiza sua inclinação biológica.
(Cunha, p.7 e 8, 2008)
De acordo com a teoria do conhecimento cognitivo o crescimento intelectual passa por quatro períodos e as idades representativas não são regras fixas pois cada ser tem sua própria subjetividade e modo de desenvolvimento.
O primeiro período vai aproximadamente até os vinte e quatro meses de vida, e como já citado acima essa demarcação pode variar. A característica principal desse primeiro período chamado sensorial-motor onde a criança não possui a representação mental dos objetos, nesse período o conhecimento é constituído por impressões que são formadas através dos sentidos e do aparelho motor predominando o processo de assimilação.
No segundo período, a principal característica é a representação e a transformação de esquemas que se desenvolve, e posteriormente se completa por meio de imagens mentais e símbolos, nesse momento acontece o progresso da linguagem e começa a empregar palavras e constituir categorias dos objetos, pessoas e ações. Dos dois aos sete anos de idade a linguagem da criança passa a empregar expressões socialmente convencionadas não baseadas mais somente no indivíduo e sim em todo grupo social. Esse segundo período é chamado pré-operatório.
O terceiro período é chamado operatório-concreto pois significa que os esquemas cognitivos do indivíduo são ferramentas de assimilação que ainda dependem de informações empíricas, e o paradigma piagetiano contribui para desenvolver as características cognitivas do aluno.
Dos doze aos dezesseis anos ocorre o quarto período chamado operatório formal, a principal característica desse momento é a transformação em esquemas que operam de acordo com a realidade e a capacidade de adaptação atinge o ápice nesse quarto e último período do desenvolvimento cognitivo.
Observe-se que desde o início estamos tratando de ações do Sujeito sobre o Objeto, ações em que os processos de assimilação, acomodação e equilibração acabam por tornar o indivíduo mais adaptado ao mundo que o cerca. Trata-se de uma adaptação ativa, como já vimos, pois na concepção piagetiana não existe o indivíduo como mero receptáculo de influências ambientais. A trajetória do desenvolvimento elaborada por Piaget traduz o percurso que capacita o indivíduo a compreender melhor a realidade que o cerca para poder participar de sua transformação.
(Cunha, p.14 e 15, 2008)
O percurso da sociabilidade marca a passagem do egocentrismo para o estado de plena socialização, e esse momento final ocorre entre doze e dezesseis anos, constituindo a capacidade de cooperação e a possibilidade de formulações abstratas sobre a realidade. Durante todo o processo de crescimento dos jovens deve-se tomar bastante cuidado pois o uso da autoridade empregado sem critério atrapalha o desenvolvimento do aluno.
BIBLIOGRAFIA
CUNHA, Marcus Vinicius. “Piaget: Psicologia Genética e Educação”. Unesp. 2008.
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